Formação de ciclone traz chuva extrema e vai agravar as inundações no RS neste fim de semana; confira os alertas
O Rio Grande do Sul está novamente em alerta para episódio de chuva volumosa, considerada extrema dentro da climatologia. A formação de um ciclone, com suporte de umidade de um rio atmosférico, potencializa o cenário acumulados elevados.

Enquanto a Defesa Civil do Rio Grande do Sul confirmou ontem (26) a quinta morte em decorrência das enchentes relacionadas às chuvas extremas que o estado enfrentou entre 16 e 20 de junho, os modelos meteorológicos indicam que o cenário vai se agravar neste fim de semana.

O processo de formação de uma nova frente fria, com grande suporte de umidade e calor transportado via jato de baixos níveis sobre a região, irá potencializar a formação de chuvas volumosas, especialmente na noite entre o sábado (28) e o domingo (29). Confira os detalhes.
Quadro atual e índice de previsão de chuva extrema
Na última semana, os maiores volumes de chuva foram registrados no centro do estado, com estações não oficiais acumulando mais de 500 mm em 4 dias. Isso sobrecarregou a bacia do rio Jacuí, entre o centro do estado e a Região Metropolitana de Porto Alegre, que sofreu uma de suas piores enchentes da história, superando a de 2024.
VÍDEO | Cheia do rio Jacuí na cidade de Rio Pardo.
Correio do Povo (@correio_dopovo) June 21, 2025
Leito da água avançou sobre áreas de várzea, causando destruição de árvores e de postes de energia elétrica. A região do Vale do Rio Pardo foi uma das mais atingidas pela cheia dos últimos dias no RS.
Rodrigo Thiel pic.twitter.com/WODGeJP19w
O rio Guaíba também ultrapassou a cota de inundação e alagou diversas partes de Porto Alegre. Embora a chuva não tenha sido tão volumosa na região, o Guaíba é alimentado por vários rios que drenam diferentes partes do estado, como o Jacuí, Taquari, Caí, Sinos e Gravataí.
A tendência é de agravamento do quadro atual durante o fim de semana, uma vez que o índice de previsão extrema (EFI) do modelo ECMWF novamente dispara um alerta para chuvas que diferem - e muito - do esperado.

As chuvas começam ao longo do sábado(28) mas é no domingo que elas serão torrenciais principalmente sobre a região centro-norte e nordeste do Rio Grande do Sul.
Novo episódio de chuva volumosa começa no sábado
Uma área de baixa pressão alongada, conhecida como cavado, irá se aprofundar sobre a região Sul do Brasil ao longo deste sábado (28), quando, à noite, dará origem a um ciclone (centro fechado de baixa pressão) sobre o leste do Rio Grande do Sul.
Enquanto o cavado avança na forma de uma frente quente, desde o oeste do Paraná em direção ao Rio Grande do Sul, tempestades pontualmente intensas com chuva forte estão previstas nestas áreas.

Novamente, o episódio de chuva volumosa será alimentado por um rio atmosférico: uma grande quantidade de umidade transportada da região amazônica para o sul do continente via jato de baixos níveis, a leste da Cordilheira dos Andes.
Este vento em baixos níveis também transporta calor em direção ao Sul, adicionando mais um ingrediente para a convenção, o contraste térmico.

A presença de um cavado em níveis médios da atmosfera (500 hPa) dará o suporte dinâmico a este evento. Ao redor do cavado, o vento gira ciclonicamente no Hemisfério Sul (no sentido horário).

A leste do cavado, ocorre convergência em baixos níveis e divergência em altos níveis, o que favorece movimentos ascendentes e reforça os sistemas convectivos.
Alerta de risco de chuva torrencial durante a madrugada
Durante a noite do sábado (28) a chuva se intensifica e, ao longo da madrugada do domingo (29) as chuvas devem ser torrenciais numa faixa que se estende de noroeste a sudeste no território gaúcho.

A tendência é de agravamento do quadro atual durante o fim de semana, quando estão previstas chuvas acima de 100 mm em dois dias, desde a região norte do Rio Grande do Sul até a Região Metropolitana de Porto Alegre. Em Passo Fundo a chuva pode alcançar 160 mm, trazendo muitos transtornos e riscos.

A topografia da região favorece o escoamento das chuvas sobre as regiões que já estão flageladas pela última enchente, com este novo episódio de chuvas extremas encontrando um solo supersaturado, população fragilizada e os rios fora dos leitos.
Autoridades e a população devem se mobilizar para minimizar os danos e proteger a população mais vulnerável.